O baterista do Rappa, Marcelo Yuka, define como "Narcocultura" o trabalho que vem sendo realizado na favela de Vigário Geral, através do Centro Cultural Afro Reggae, que já conseguiu reintegrar nas escolas pelo menos 40 crianças que viviam nas ruas da comunidade, fortes candidatas a terminar no tráfico. "Estávamos gravando o primeiro disco e fizemos um workshop em Vigário, depois que filmamos um clipe com Bezerra da Silva na favela. Foi ali que tudo começou", conta Yuka.
Yuka e os integrantes do Rappa passaram a freqüentar a quadra de Vigário, ensinando às crianças as diferenças entre um baixo e uma guitarra e como tocar vários instrumentos. "A música mexeu com a auto-estima dos garotos, que antes só tinham a referência do tênis Nike nos pés dos traficantes. Eles viram que existia uma outra maneira de se sentirem queridos pela sociedade", conta o baterista. Ele acredita que existe uma saída para a violência. "Vigário é a prova viva, muito mais do que entidades como o Padre Severino. Aqui se vende outra viagem, através da cultura. Aqui se traficam música e informação, é uma boca de narcocultura", define Yuka, que depois de ter lançado o 3º CD da banda, Lado B/ Lado A leva sua bagagem musical para as vielas do Dona Marta.
LG, vocalista da banda Afro Reggae – que mistura samba, funk, soul e baião, já gravou um CD demo e fez shows na Europa –, faz coro: "Nossos amigos do tráfico usavam roupas maneiras. Aí a gente começou a ver o Rappa, que nos ensinou muita coisa, até o que era um sampler. Fomos batizados por Caetano Veloso e Regina Casé e a banda ganhou peso. Nossas letras falam da violência e do nosso dia-a-dia". A banda nasceu e o centro cultural Afroreggae não parou de crescer. Hoje o centro realiza gratuitamente oficinas musicais, cursos de teatro, capoeira e de confecção de instrumentos de percussão, com a ajuda de ONGs internacionais. "São pelo menos 400 jovens que passam por aqui por semana", diz LG, que também é um dos diretores do Centro.
Fonte:
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