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27 outubro 2006
 
"COLUNAS" DO MATTO DENTRO
 
Sem medo de cortar

Por Veja - Carta ao Leitor - Edição 1978 - 18 de outubro de 2006

Tem faltado ao debate eleitoral na reta final da campanha a noção básica de que, se podem imprimir moeda e recolher impostos, os governos não produzem riqueza. Cada centavo que os governantes ganham o direito de gastar quando se elegem é produzido pelos brasileiros que suam a camisa no trabalho. Infelizmente os dois candidatos à Presidência da República demonstram, cada um a sua maneira, uma miopia grave a esse respeito. Lula encara o governo como o administrador de uma caixa-forte permanentemente abarrotada e acredita que ele será tanto mais bem julgado pela história quanto mais eqüitativamente distribuir o dinheiro existente. O tucano Geraldo Alckmin passa a impressão de que basta gerenciar bem cada um dos ministérios para que o país deslize suavemente rumo a um futuro melhor. O dinheiro para isso não vai faltar.

Por minimizarem a questão basal de que a riqueza de um país é produzida pela iniciativa privada, pelas empresas, por seus funcionários, administradores, clientes e fornecedores, os dois candidatos erram em seus diagnósticos e soluções para o Brasil. Como para ambos o dinheiro no caixa do governo parece ser um fato da vida tão garantido quanto o nascer e o pôr-do-sol, eles não querem nem ouvir falar em como tirar do caminho o maior entrave ao progresso e ao bem-estar da maioria dos brasileiros, a gastança pública. Em entrevistas durante a semana, Lula disse com todas as letras que não vai cortar gastos. Alckmin desautorizou o guru econômico de sua campanha quando ele afirmou que um eventual governo tucano em Brasília cortaria 60 bilhões de reais dos gastos em quatro anos.

Uma reportagem desta edição de VEJA mostra que aos candidatos não falta apenas a noção de urgência quanto a essa questão. Falta a ambos também a convicção, plenamente assentada nas análises dos melhores economistas, de que os gastos governamentais fora de controle estão na origem de todos os males da economia brasileira. Eles são a causa da tributação paralisante e da ineficiência, da ilegalidade – também chamada de informalidade – e da baixa produtividade, da incapacidade de competir globalmente, dos baixos salários e da dificuldade de inovar e empreender. É hora de cortar gastos e anunciar isso com orgulho.
 
 
 
   
 
 
 
 
 
 
 
   
   
   
 
 
     
     
     
     
     
     
     
     
     
     
     
     
     
     
     
     
     
     
     
   
   
 
 
   
   
   
 
 
 
   
   
 
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