Métodos construtivos do passadam ajudam a reduzir efeito estufa Por Angela Drumond - Estado de Minas
Além de contribuir para conter o aquecimento global, projetos considerados ecologicamente corretos viabilizam moradias populares com conforto e qualidade de vida e podem deixar projetos de luxo ainda mais sofisticados. No primeiro caso se encaixa o conjunto habitacional Santa Rosa 2, no Bairro São Francisco, com início da construção previsto para abril, pelo sistema de mutirão com treinamento dos futuros moradores e concepção de arquitetura ecológica.
Com 50 unidades, cada uma com dois quartos e 48 metros quadrados, o conjunto está inserido no chamado "crédito solidário", linha de financiamento especial para pessoas de baixa renda. Um dos autores do projeto, Matheus Melo, da Horizontes Arquitetura, afirma que a idéia é aproveitar recursos naturais e reduzir custos futuros para moradores, com baixa taxa de condomínio.
Os corredores serão abertos e as janelas cruzadas para facilitar a ventilação. A iluminação natural foi projetada tanto dentro das unidades quanto nos corredores que unem as edificações, abertos, mas com telhado para entrar luz e proteger da chuva.
Nos quatro andares existem diferenciais. Os imóveis do térreo terão jardins, os dois andares intermediários quartos maiores, e o último, uma cobertura sobre a laje, que poderá ser usada como lavanderia ou área de lazer. Até mesmo o terreno foi aproveitado com a terraplenagem anterior. Os prédios que vão formar o novo conjunto serão construídos em níveis diferentes do terreno.
Tijolos estruturais evitam gastos com fiação e tubulação. São revestidos com óleo hidrofugante, material que permite a impermeabilização e dispensa pintura, resume Matheus, satisfeito com o resultado e com a aprovação do projeto. Há quatro anos investimos nessa idéia e, agora, começamos a obter reconhecimento do conceito defendido, ressalta.
O preço das unidades será de R$ 26 mil. No segundo caso estão residências de condomínios como Passárgada e Parque do Engenho, nos arredores de Belo Horizonte, onde a preocupação começa pela guarita, construída com telhado gramado para deixar o interior termicamente agradável: arejada no calor e aquecida no inverno. "Essa é a função principal do telhado de grama", explica Rosana Bianchini, coordenadora executiva e fundadora do Instituto Kairós, cuja sede e instalações foram construídas com materiais e métodos alternativos.
Sustentável
O engenheiro civil Geraldo Jardim Linhares Júnior, vice-presidente da Área de Materiais, Tecnologia e Meio Ambiente do Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon-MG) e diretor da Construtora Modelo Ltda., diz que a preocupação com a construção civil sustentável, sem desperdícios e com gerenciamento de resíduos sólidos, é constante na instituição. Cartilhas explicativas com passo a passo para reduzir agressão ao meio ambiente já foram publicadas e, para este, ano um workshop sobre "agentes recicláveis" está sendo pensado.
Mas os projetos conceitualmente ecológicos partem dos arquitetos, para que possam ser executados pelos engenheiros, que dão preferência ao cimento, admite ele. De qualquer forma, essa é uma tendência para reduzir o aquecimento global, que depende ainda da oferta de produtos reciclados e novos materiais por parte das indústrias, fornecedores da construção civil. "A cada dia, seremos mais montadores de edificações, com a chegada de materiais praticamente prontos", diz. Assim, segundo Geraldo Jardim, a consciência ecológica e a reciclagem deverão envolver todos os segmentos da cadeia produtiva. Como empresário, ele cita o conjunto habitacional Riacho da Mata, construído pela Construtora Modelo, em Sarzedo, município entre Ibirité e Betim, com 450 unidades e energia solar.
Fonte: Portal Uai
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