Para quem duvida dos interesses na-da reprodução do espaço... segue o Mapa das comissões temáticas da Câmara.
CONGRESSO
Todo poder aos doadores
Mapa das comissões temáticas da Câmara revela como os deputados se alinham aos interesses de seus financiadores de campanha. Por isso, a disputa acirrada para integrar grupos estratégicos
Por Gustavo Krieger e Lúcio Vaz Luiz alves/Agência Câmara
Dezesseis integrantes da Comissão de Desenvolvimento Urbano receberam mais de R$ 1,2 milhão de empreiteiras. Foram contemplados 11 dos 18 titulares, incluindo o presidente
Brasília - As empresas que financiaram a campanha dos deputados federais começam a colher dividendos de seu investimento eleitoral. Um cruzamento feito pelo Estado de Minas revela uma impressionante coincidência entre as listas de doadores de campanha e a composição das comissões permanentes da Câmara. Essas comissões setoriais são estratégicas. É nelas que nascem e morrem as propostas que mais interessam aos financiadores de campanha. Os deputados brigam, barganham e até trocam de partido para conseguir um lugar na comissão que melhor atende seus interesses. E os de seus patrocinadores. A Comissão de Minas e Energia conta com uma aguerrida bancada de deputados financiados por mineradoras. Na de Agricultura, predominam os parlamentares bancados por empresas de fertilizantes, agrotóxicos e produtos similares. Na de Finanças, marca presença a bancada dos bancos. E nas comissões que lidam com obras públicas o mais difícil é encontrar parlamentares que não tenham recebido alguma contribuição de construtoras.
As vagas nas comissões são distribuídas entre os partidos, proporcionalmente ao tamanho de cada bancada. Mas na Comissão de Minas e Energia, a maior bancada é pluripartidária, formada pelos deputados que receberam doações de empresas ligadas à Vale do Rio Doce. São oito titulares e seis suplentes. A Vale investiu R$ 25 milhões durante a campanha e ajudou a eleger 46 deputados federais. Um terço deles foi parar na comissão que cuida do setor de mineração. Outras mineradoras financiaram os novos integrantes da comissão. O gasto total foi de R$ 1,8 milhão.
Nada menos que 15 dos 40 titulares e mais nove suplentes da Comissão de Agricultura foram financiados por empresas que tem sua atividade regulada por ela como produtores de fertilizantes e agrotóxicos. As doações do setor agrário apenas para integrantes dessa comissão somam R$ 5,2 milhões. A Comissão de Finanças e Tributação é uma das mais disputadas. Interessa a todos os setores empresariais, mas os bancos são uma bancada forte. São 15 titulares e cinco suplentes, que receberam doações de R$ 1,9 milhão.
DEFESA
. Os deputados negam conflito de interesses. José Carlos Aleluia (PFL-BA) recebeu R$ 200 mil de uma mineradora na campanha e é suplente da Comissão de Minas e Energia. Para ele, o patrocínio da empresa significa transparência política. "O problema é que a política está acostumada com o caixa 2. É natural que uma empresa de mineração apoie os deputados que conheçam a política nacional, tanto de economia quanto de mineração."
Leonardo Vilela (PSDB-GO), da Comissão de Agricultura, recebeu R$ 450 mil em doações de empresas do setor alimentício. "É natural que cada segmento tente eleger pessoas que entendem do setor, que vão contribuir para o aprimoramento e para a evolução."
"É natural que cada segmento tente eleger pessoas que entendem do setor, que vão contribuir para o aprimoramento e para a evolução " Leonardo Vilela (PSDB-GO) Integrante da Comissão de Agricultura
Dinheiro legal para aliados
R$ 14,8 milhões É o valor que grandes empresas investiram em deputados das principais comissões
Brasília - Empreiteiras e empresas da área de transportes doaram legalmente R$ 3,9 milhões para 27 deputados que assumiram a Comissão de Viação e Transportes da Câmara. Apenas um grupo de seis deputados mineiros titulares da comissão recebeu R$ 1,84 milhão. Os maiores beneficiados foram Ciro Pedrosa (PV-MG), com R$ 535 mil, e Alexandre Silveira (PPS-MG), com R$ 552 mil. Dezesseis integrantes da Comissão de Desenvolvimento Urbano receberam mais R$ 1,2 milhão de empreiteiras. Foram contemplados 11 dos 18 titulares, incluindo o presidente e os três vice-presidentes.
Levantamento do Estado de Minas mostra que as empreiteiras investiram R$ 5,1 milhões em campanhas de deputados que integravam a Comissão de Transportes na legislatura passada. O campeão em doações foi o senador Eliseu Resende (PFL-MG), ex-ministro dos Transportes no governo Itamar Franco. Ele teve uma ajuda de R$ 707 mil de empreiteiras na campanha que garantiu a sua eleição para o Senado. Outro ex-ministro dos Transportes Eliseu Padilha (PMDB-RS), é agora o presidente da comissão. Mauro Lopes (PMDB-MG), ex-presidente da comissão, recebeu R$ 159,5 mil em doações de empresas da área de transportes. Ficou agora com a 2º vice-presidência.
Empresas de transportes de carga e de passageiros também têm interesses na Comissão de Transporte, que elabora as leis que regulamentam esses setores. A Companhia de Navegação da Amazônia, que investiu R$ 750 mil nessas eleições. A Associação Nacional de Transporte de Cargas e Logística fez doações no valor total de R$ 215 mil para seis candidatos.
SERÁ QUE SOBROU ESPAÇO PARA OS INTERESSES DO POVO ? OU ESTE TAMBÉM PRECISA FINANCIAR CAMPANHAS PARA POSSUIR REPRESENTATIVIDADE?
Fonte: Estado de Minas. Política. Belo Horizonte, quinta-feira, 15 de fevereiro de 2007.
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