Indústria lucra com onda verde Siderúrgicas e fábricas de papel e celulose mudam gestão ambiental
Por Mariana Barbosa
Setores industriais que nada têm de verde estão descobrindo na gestão ambiental formas de gerar mais eficiência e garantir novas fontes de receita - além de melhorar a própria imagem perante a sociedade. No Brasil, os setores siderúrgico e de papel e celulose estão se destacando em termos de gestão ambiental e, em alguns casos, transformando-se em referência internacional.
No setor siderúrgico, Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), Usiminas e Companhia Siderúrgica de Tubarão (CST) são alguns exemplos de empresas que vêm melhorando a eficiência do próprio negócio a partir de iniciativas de reaproveitamento de gases, reciclagem de resíduos e uso eficiente da água.
Na CST, que pertence à multinacional Arcelor Mittal, o modelo de gestão ambiental, está sendo exportado para as demais subsidiárias do grupo no mundo, sobretudo para EUA e Europa. A empresa gera, para cada tonelada de aço líquido, 500 quilos de resíduo - ante uma média de 650 quilos da indústria no mundo. E 96% desse resíduo é reaproveitado internamente ou vendido para terceiros, o que garante uma receita extra de US$ 41 milhões.
A Companhia Vale do Rio Doce é um dos principais clientes para a escória de aciaria, um subproduto na fabricação do aço que substitui a brita - recurso natural não renovável - e é usado em ferrovias. 'Além de reduzir o impacto ambiental, estamos desenvolvendo novos negócios', afirma o gerente da divisão de meio ambiente da CST, Luiz Antônio Rossi.
Praticamente toda a água utilizada no processo produtivo da CST é reutilizada ou reciclada, e a empresa é auto-suficiente em energia. 'Essa gestão ambiental nos garante um dos menores custos operacionais do setor no Brasil', garante Rossi.
Dentre as indústrias de papel e celulose, empresas como Klabin, Suzano e Aracruz descobriram cedo que se não incorporassem a questão ambiental a seus negócios, dificilmente continuariam no mercado. Alvo constante de comunidades indígenas e trabalhadores rurais em conflitos de terra, a Aracruz vê a incorporação da preocupação socioambiental como uma questão de sobrevivência. 'O mundo mudou para as empresas', diz o diretor de sustentabilidade da Aracruz, Carlos Alberto Roxo. 'Antes você tinha de se preocupar apenas com investidores, fornecedores, clientes e trabalhadores. Hoje, tem de atender às demandas de comunidades, governos, imprensa, organismos multilaterais. E esses atores exigem que você caminhe dentro da sustentabilidade.
Única companhia florestal do mundo a fazer parte do índice de sustentabilidade da Dow Jones, a Aracruz tem ido além da legislação ambiental. Pelas regras brasileiras, as propriedades agrícolas na região Sudeste devem reservar 20% de sua área para mata nativa. A Aracruz reserva 30%. 'Fazemos isso por uma questão de sustentabilidade e de interesse econômico', diz o diretor de sustentabilidade Carlos Alberto Roxo. A mata nativa protege uma plantação de eucalipto de pragas, reduzindo a necessidade de fertilizantes e defensivos agrícolas.
No processo industrial, a empresa transformou o que antes era poluição - licor negro gerado na produção de celulose - em combustível, e hoje é auto-suficiente em energia. Por pressão de consumidores europeus, a empresa investiu US$ 100 milhões em um processo de branqueamento de papel menos poluente.
"No início, o meio ambiente era uma questão de responsabilidade social", diz o consultor Marco Antonio Fujihara. 'Com a constatação de que o aquecimento global é uma verdade inequívoca, as empresas perceberam que incorporar os princípios de sustentabilidade é uma forma de gerar valor.
Reaproveitamento de água: Praticamente toda a água utilizada no processo produtivo da Companhia Siderúrgica de Tubarão (CST) é reutilizada ou reciclada, e a empresa é auto-suficiente em energia elétrica.
AÇÕES PARA REDUZIR O IMPACTO AMBIENTAL
Reciclagem de resíduos: A CST gera, para cada tonelada de aço líquido, 500 quilos de resíduos. Cerca de 96% são reaproveitados internamente ou comercializados para terceiros. Entre outros usos, podem ser usados como substitutos para a brita. A Vale do Rio Doce compra o produto para usar em ferrovias.
Menor emissão de gases: No ano passado, a CST reduziu em 10% as emissões atmosféricas de gases em geral. Segundo a empresa, a mudança ocorreu por melhorias nos processos produtivos, mesmo sem novos equipamentos.
Áreas de preservação: Pela legislação brasileira, as propriedades agrícolas (incluindo as de indústrias de papel e celulose) na região Sudeste devem reservar 20% de sua área para mata nativa. A Aracruz reserva 30%. Novos combustíveis: A Aracruz utiliza licor negro gerado na produção de celulose - altamente poluente - como combustível, e hoje é auto-suficiente em energia.
Fonte: Jornal O Estado de São Paulo - Economia - 04/04/2007
Contribuição da nossa amiga Carol.
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