Diário da Tarde, de Minas Gerais, será extinto. Aqui BH será reformulado Juliano Azevedo, de Belo Horizonte
Com 77 anos de história, chega ao fim o tradicional jornal mineiro Diário da Tarde. Na manhã de segunda-feira (23/07), o diretor de redação, Josemar Gimenez, anunciou a demissão de 85% dosjornalistas que trabalhavam no veículo. Segundo os profissionais, a edição de terça-feira (24/07) deve circular com material reproduzido dos jornais Estado de Minas e Aqui BH – os outros veículos impressos do Grupo Diários Associados no estado –, já que eles não tiveram tempo de redigir o material produzido pela manhã.
Na capa do jornal desta segunda, um anúncio, que assustou a redação: "Semana DT: amanhã seu Diário da Tarde é por nossa conta. Tem presente para quem gosta de ler o DT todo dia. Preencha o cupom abaixo, entregue ao jornaleiro e troque pelo DT de amanhã em qualquer banca até o dia 28 de julho". O DT circulará gratuitamente até sábado, dia 28 de julho, último dia em que ele chega às bancas.
Segundo Josemar, a circulação do Diário da Tarde caiu de 35 mil exemplares para 15 mil nos últimos sete anos. O jornal teve prejuízo de R$ 5 milhões em 2006. "O DT acabou espremido entre o Aqui e o Estado de Minas e, por uma questão mercadológica, não conseguiu se manter", explica. Sobre as demissões, o diretor estima que atinjam algo em torno de 60 pessoas em diversas áreas. "Mas tentaremos manter o máximo de gente dentro dos Diários Associados", diz.
Com o Diário da Tarde saindo de circulação, o Aqui BH será reformulado. "Com o fim do DT, muito do conteúdo e do pessoal serão agregados ao Aqui", informa Josemar. O novo Aqui BH estréia na segunda-feira (30/07).
Morte prevista Em 2006, a redação do Diário da Tarde já havia passado por reformulações, com diversas demissões e a contratação de trainees. Há cerca de um mês, 11 funcionários da área administrativa dos Diários Associados em Minas foram demitidos.
Para o presidente em exercício do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais, Elian Guimarães, também repórter do Diário da Tarde, a morte do jornal já era prevista. "Notamos mudanças na linha editorial e gráfica que não acompanhavam o gosto do leitor. Houve o fechamento de departamentos, editorias, unificação do setor publicitário com o Estado de Minas, além da diminuição do número de exemplares em circulação nas bancas", relata Elian. "Com o término de um dos mais tradicionais jornais do Brasil, perdem a sociedade, os profissionais de comunicação, os anunciantes e os jornaleiros", opina.
Na tarde de segunda-feira (23/07), o departamento jurídico do sindicato irá se reunir para discutir este processo de demissão em massa. "Vivemos sobre tensão nos últimos tempos, pois havia boatos do fim do DT e a direção não se posicionava. Hoje, muitos repórteres estavam na rua quando foram chamados de volta à redação para serem demitidos", conta Elian.
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