Grupo divulga lista com mais de 16.300 espécies ameaçadas
Dos gorilas das planícies africanas aos corais das ilhas Galápagos, mais de 16.300 espécies de plantas e animais encontram-se ameaçadas de extinção, afirmou na quarta-feira (12) a União Mundial de Conservação ao lançar sua Lista Vermelha, uma publicação anual. No documento, descrito como a avaliação mais bem fundamentada a respeito da situação dos animais e plantas da Terra, o grupo analisou 41.415 espécies e descobriu que, dessas, 16.306 correm perigo, disse Craig Hilton-Tailor, principal responsável pela lista.
Essa cifra representa um salto de quase 200 espécies de seres vivos em relação ao número do ano passado, afirmou Hilton-Tailor em uma entrevista concedida por telefone. E, ainda assim, a quantidade de espécies ameaças deve ser ainda maior, acrescentou.
"A estimativa é subestimada. Sabemos que é subestimada", afirmou o membro do grupo. "Olhamos apenas a ponta do iceberg quando se trata das espécies existentes e que são conhecidas pela ciência."
A União Mundial de Conservação - uma entidade internacional entre cujos membros há países, órgãos governamentais, organizações não-governamentais e milhares de cientistas - pretende "influenciar, encorajar e ajudar as sociedades" a preservarem a natureza e os recursos naturais.
Apesar de não ter grande influência sobre as decisões do governo dos EUA a respeito da preservação da vida selvagem porque o país atua nessa área por meio de sua Lei das Espécies Ameaçadas, a entidade possui peso em várias nações, com destaque para os países em desenvolvimento, que não conseguem avaliar a situação de suas espécies. Três das novas espécies adicionadas à lista deste ano são corais de Galápagos, que se vêem ameaçadas pelo fenômeno El Niño (aquecimento das águas do Pacífico) e pelas mudanças climáticas, afirmou o grupo em um comunicado.
O peixe cherne-poveiro brasileiro ("Polyprion americanus") também aparece na lista anual, mas sua situação atual não foi revelada pelo site da organização.
Aquecimento da Terra - Hilton-Tailor aponta o aquecimento global como um fator que está contribuindo para a extinção, mas não seria o único.
"Não é fácil identificar se as mudanças climáticas estão ou não levando algumas espécies à extinção", afirmou.
"As mudanças climáticas não atuam sozinhas. Elas atuam junto com outras ameaças. E é comum ver a combinação das mudanças climáticas com a ameaça de uma nova doença. Diferentes somatórias de fatores estão levando as espécies para a beira do colapso." A Lista Vermelha deve ser lida por autoridades governamentais e pelas pessoas comuns, disse Hilton-Tailor.
"Se todas as pessoas do planeta cooperarem e adotarem um modo de vida sustentável, muitos desses problemas desaparecerão", afirmou. O especialista reconheceu, no entanto, que uma cooperação do tipo nunca aconteceu ao longo da história humana.
Fonte: Estadão Online
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